Ontem deparei-me com uma situação um pouco peculiar ou ate mesmo caricata. Foi mais ou menos assim:
Todos têm aquele professor que gostam mais, que têm mais afinidade, que admiram mais ou ate mesmo que nos compreendem melhor. Este ano letivo eu tenho uma, a minha professora de português. E agora vocês perguntam: o que ela tem de especial? o que ela tem a ver com a situação peculiar com que me encontrei ontem? Bem, a minha professora de português é diferente de todos os outros professores, e talvez de todos os adultos. Porquê? Porque ela entende-me como ninguém, entende os meus sonhos, a minha vontade de ir mais alem e ajuda-me nisso. Admiro-a muito pela profissão que tem, pois é professora, uma profissão de grande respeito. Alem de professora de português, também é professora de outras línguas e de uma área que eu, particularmente, acho interessantíssima e muito inspiradora sem sombra de duvidas: Teatro. Sim, teatro, e porque eu tenho tanta admiração por teatro e pela minha professora? Porque eu quero ser atriz! É esse o meu sonho desde quando era uma menina pequena. Desde muito cedo eu despertei interesse em ver peças de teatro, revistas, pessoas a serem questionadas sobre a sua vida, a vida de um ator. Assistir a estas demonstrações na televisão maravilhou-me por completo tendo desde nova a ideia de querer ser atriz e um dia poder pisar um palco ou estar em frente a uma camara e mostrar no que sou boa, entreter e poder exprimir-me e deixar sair a personagem que há em mim. Mas o que me impede? Os meus pais. Porque? Porque como quais queres pais querem me dar um futuro fiável, que dê frutos e me dê comida na mesa. Têm medo que ao seguir Teatro a minha carreira não evolua, que não arranje trabalho e não possa ser independente a nível financeiro. Infelizmente existem muitos atores a passar fome e eles não querem que me aconteça o mesmo. Dizem que com a minha media escolar e inteligência consigo ir longe, que consigo ser uma grande medica, advogada, juíza, algo relacionado com as ciências... enfim, algo que dê dinheiro. Eu tenho consciência disso, mas não quero ser uma coisa que não gosto só porque vou ganhar mais dinheiro ou arranjar emprego mais facilmente. Eu quero ser feliz a fazer algo que gosto, é isso que eu quero, eu e toda a gente. Não se consegue viver sem dinheiro, é a realidade, mas será que se pode ser feliz fazendo o que se gosta e ainda ganhar o suficiente para as despesas? Não sei, existem pessoas que o conseguem fazer, mas isso são sortes, são o destino... quem luta pelo que quer sempre consegue alcançar algo que queira, mas uma ajuda do destino dá muito jeito. Eu vivo com este dilema, pois não sei o que vou seguir no 10ºano. Já vou a meio do 8ºano e continuo na "ilusão" (segundo os meus pais) de que vou ser atriz e que vou realizar o meu sonho. Onde é que a minha professora, que eu admiro bastante, entra nesta historia? Ela teve uma conversa comigo ontem, sobre o facto de eu ambicionar tanto ser atriz e os meus pais o repreenderem. Elucidou-me e mostrou-me que se quero mesmo ser atriz, que hei de ser, só tenho de lutar para o ser. Disse que tenho de demonstrar aos meus pais que tenho talento e que ser for mesmo boa vou arranjar trabalho, que vou ser aquela "uma num milhão" e que um dia vou ter uma historia para contar. Teria muito gosto que a minha professora tivesse razão, mas não tenho a certeza, por mais que eu queira não posso prever o futuro. Como fiquei motivada com esta conversa de incentivo decidi contemplar o meu pai com ela. Contei tudo ao pormenor e falei do quanto fantástica era a professora por me dizer isto e me fazer ganhar coragem e me inspirar a seguir o que quero, o que me faz feliz. Depois de muitas palavras ditas e frases feitas acabei finalmente o meu discurso perante ele com esta frase:"Estou muito entusiasmada, fiquei motivada e inspirada e vou começar a procurar clubes de teatro daqui da beira, vou-me inscrever e quem saiba a partir de aí tenha sorte e o meu talento seja visível e valorizado!", como estávamos a caminho da escola (para as minhas aulas da tarde, pois a aula com a minha professora fora de manha) e o meu "discurso" tinha acabado na altura que o meu pai parara o carro á porta da escola. Ele respondera-me em tom de despedida que :"podes fazer o que quiseres, mas não te iludas que a vida não agrada a todos", e assim foi, disse-lhe um breve adeus e saí do carro um pouco desiludida, pois foi das primeiras vezes que o meu pai deixou-me desmotivada. E entrei na escola, pouco entusiasmada mas com uma visão da realidade, mas com uma grande duvida: Se os sonhos fossem a minha professora de português e os meus pais a realidade da vida comum, eu devia seguir a minha professora ou os meus pais? - fica aqui a pergunta se alguém me souber responder...
Com esta situação aprendi que nem sempre a vida é como nos queremos, eu, como adolescente tenho sonhos e ambições improváveis de acontecer. Vão-se realizar? Não sei, mas a esperança é a ultima a morrer e nem todos podemos ser artistas por isso tenho de ter força e pensar que vou ser daquelas pessoas "raras" que deixam a sua marca na historia.
Não sou a única adolescente a ter esta duvida quando chega a altura de escolher o que seguir, pois não? Suponho que não... mas espero ser das únicas a responder à minha pergunta feita à 2 parágrafos antes corretamente, se é que há resposta certa....
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